Todas contam uma história, e a maioria delas tem um significado especial pra mim, como por exemplo, uma jarra linda que uma amiga ganhou no seu casamento uns 50 anos atrás, e me surpreendeu quando enviou a jarra, delicadamente embrulhada, numa viagem de mais de 500 km. Invariavelmente quando limpo a jarra, me lembro de seu sorriso fácil e dos dias que dividimos sonhos e também muitas frustrações.
Numa fase de mudança e cortando o vínculo definitivamente com uma região geográfica, a necessidade de visitar alguns amigos é gritante. Ontem foi um desses dias. Ao passar boa parte do dia com uma amiga que conheci quando estávamos grávidas dos nossos caçulas, e os nossos lindos bebezinhos estão hoje com quase 21 anos, não posso deixar de constatar que o futuro chegou!
Fiquei saudosa e nostálgica na viagem de volta. Dei que minha amiga vai reler esta frase..., vai rir ... e não vai acreditar... mas é verdade.
Uma saudade esquisita, aquela sensação que eu detesto: “parece que não aproveitei o bastante!”
Ri sozinha com algumas lembranças, e me deu vontade de chorar com outras... fiquei só na vontade...
Somos tão iguais... e tão diferentes...
Eu gosto de “velharias”, ela gosta do contemporâneo.
Ela é sensível e amável. Bem, eu sou racional e amável
bem de vez em quando...
Ela fala com cuidado usando delicadamente as palavras...
e eu ...não gosto muito de atalhos!
Ela já me irritou com sua maneira polida e delicada,
e já se magoou com minha racionalidade áspera e ácida.
Por outro lado, compartilhamos as mesmas preocupações com filhos,
temos a mesma fé,
gostamos de cafezinho e de um docinho depois do almoço.
Acho que nestes vinte e poucos anos já vivemos intensamente uma amizade, e posso dizer que admiro muito minhas outras amigas, mas sem dúvida ela é a mais bonita, e juro, não é porque continua magra!
Estou ficando velha e nostálgica, que raiva!!
Ao nos encontrarmos ontem, a primeira coisa que vi foram duas xícaras antigas me esperando. Minha amiga separou cuidadosamente as xícaras que foram de sua mãe. Eu sei mais do que ninguém o amor e carinho que ela teve por sua mãe! Acho que foi isso que me fragilizou desta maneira.
Trouxe as xícaras com todo cuidado e com certo medo... pois sou, digamos um pouco desastrada...
Mais do que fazer parte da minha pequena coleção de “velharias” elas serão como um memorial da nossa amizade. Quando um dia meus netos perguntarem: “e estas xícaras vovó, de onde vieram?” Vou ter que sentar e contar a história de amizade que construímos, e como quase todos os idosos, vou caprichar nos detalhes, repetir inúmeras vezes as mesmas coisas, trocar alguns nomes... e sentir uma saudade danada de um tempo que passou.
Obrigada Vera Eunice, por fazer parte das minhas melhores lembranças!
Nunca a chamei pelo nome completo, para mim é simplesmente Vera, mas para que não haja dúvidas...
Denise Moraes, 16-12-2012
Publicado originalmente em http://wwwmeusfragmentos.blogspot.com.br/2012/12/xicaras-e-nostalgia.html
Realmente Irene, o teto tem a ver com o seu blog! Já visitei e gostei!
ResponderExcluirbjos
Denise Moraes
Que belo texto, Irene! Realmente apropriado postá-lo aqui, pois mostra o quanto de sentimentos podem ser colocados e transmitidos em certos objetos. No caso, as xícaras.
ResponderExcluir;)