A DONA DA XÍCARA
Que saudade daquela xícara de café. Café suave, com
gosto de leveza. Café passado no coador de pano. Água fervente do fogão a
lenha. Chaleira de ferro.
Café com sabor de
campo. De roda de família grande. Café da roça, cheiro da terra. Café nobre.
Nobreza de nome. Café servido a duas mãos. Café com broa, com biscoito de
forno. Café com pitadas de canela.
Café servido em xícara de porcelana. Xícara de nome
também. Xícara do século passado. Guardada na cristaleira da família. Xícara de
várias gerações. De uma única família. Xícara que atravessou o oceano. Veio de
longe. Xícara chique que serviu senhores e doutores. Xícara de mesa farta.
Única peça que sobrou do conjunto importado.
Xícara de muitas histórias. Histórias de amor, de traição. Xícara de pedido de noivado e até de casamento. Xícara do verão nas tardes belas que servia o café da roça. Xícara do inverno para aquecer o amanhecer de geadas.
Mas, xícara de uma única dona, Sinhá D. Ana.
Texto postado por Crisjoli Fingal em seu blog "Cotidiano" em 24 de fevereiro de 2012.
Prezada Irene. Fico feliz em ver meus versos aqui. Que bom podermos tomarmos uma "xícara" de poesia juntos. Abraços. Crisjoli Fingal
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