[...] O meu objeto preferido, por incrível que pareça, é uma xícara de louça, com o pires, dessas que deviam ser moda lá pelos anos 50. Bibelô de estante. Melhor, ela foi toscamente remendada na asa com cera. Mas sim, é ela a minha preferida.
A tal xicrinha não foi minha a vida inteira. Ela ficava na casa da minha bisavó, de piso de madeira, cozinha de vermelhão e cheiro de sonhos frescos. Eu ia lá todo domingo com os meus avós para visitá-la.
Ela era maior do que aquela casa e que as coisas que viveu. Dessas pessoas que correm mundo sem sair do sofá: entendia de História, Geografia, Astronomia... Com ela, eu aprendi o valor de um livro, assim como o de uma oração feita com verdade.
Há oito anos, eu me vi em frente a uma caixa de coisas dela. E tasquei o que podia para mim (que não tinha muito crédito, por ter treze anos): a tal xícara remendada da estante, colada por ela mesma, com a catarata atrapalhando o conserto.
Delicadeza, carinho, zelo...e um cheiro de sonhos frescos
Stela Tannure, janeiro de 2009
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