xícara - cup - taza - Кубак - vaso - coppa - kopp - الكأس - tasse - beker - fincan - גלעזל - κύπελλο - pehar - чаша - kupillinen - cawan - чашка - kop - koppie - kikombe - գավաթ - chávena - filxhan - kopa - কাপ - 컵 - kup - kuppi - カップ- cốc - inkomishi


sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Xícara portuguesa

Mini xícara de café da marca "Porcelanas Lusitania". Porcelana branca, tem o interior pintado a ouro. Sua forma peculiar é realçada pelos arabescos, asa, frisos e rosas pintadas em dourado.

As xícaras de porcelana

Eu ainda era muito criança, quando morava na Vila Militar do 14º RI, em Socorro, Pernambuco, município de Jaboatão. E me lembro com muito carinho de algumas amigas de minha mãe. Cada uma deixou em mim uma lembrança espacial.
Dona Dina era a que fazia os suspiros mais incríveis que já comi, e devia haver algum segredo especial, porque jamais consegui fazer igual. Dona Luci era a única que tinha revistas em casa. Eu ia pra casa de manhã e se mamãe não mandasse me chamar para almoçar eu fucria ali horas e horas, sentadinha em um canto da sala daquele casal sem filhos e que, talvez por isso, me tratasse com tanto carinho.
Ali foi um dos lugares onde mais li e, ainda criança escolhi o nome do filho que já sabia, teria um dia: Eduardo. Por quê? Porque pra mim nenhum outro nome poderia ter um significado mais forte do que o daquele homem que havia colocado o amor acima de tudo. Lia tudo sobre aquele rei.
Mas não lia só isso, lia as revistas de ponta a ponta. Algumas vezes dona Luci me deixava recortar as fotos de alguma atriz de cinema de maiô, que eu colava em cartolina e com elas fazia vestidos de papel, já que não tinha bonecas.
Outra amiga muito especial era dona Helena, a mulher mais linda que morava naquele lugar. Suas roupas eram diferentes das de todas as outras mulheres, e sempre de muito bom gosto. Havia muitos mistérios que a cercavam e quando li Miguilim, de Guimarães Rosa,era dona Helena que eu via.
A amiga de minha mãe que eu adorava, era dona Alaíde, mas nem sempre ela podia participar daquelas rodas, porque era mãe de sete filhos, e vivia sempre muito ocupada com eles.
Mas aqui quero falar de Maria. Maria que todos chamavam de Maria de Zacarias. Em alguns relances que consegui captar naquela época, eles viviam juntos sem serem casados, e moravam às margens da Vila militar. Ela começou a freqüentar nossa casa como manicure e logo se tornou amiga de minha mãe.
Nossa casa era o centro de reuniões das mulheres dos outros sargentos. À tarde elas ali faziam lanche onde se comia cuscus de milho com leite de coco, manuê, tapioca, bolo de massa de mandioca, hoje chamado de Souza Leão, e os famosos suspiros de dona Dina.
Sempre que minha mãe se distraía, eu ficava por ali, tentando escutar a conversa das mulheres. Acho que ali já começava a brotar “a escritora”.Elas bordavam lindas toalhas em ponto-de-cruz, crivo, rechilieu; outras faziam os acabamentos dos vestidos que minha mãe costurava. E eu, por ali, sempre escutava trechos de algum segredo, retalhos de algumas mágoas, pedaços de alguns sonhos.
Quando minha mãe me via na sala, me mandava ir imediatamente brincar no quintal para não ouvir a conversa dos adultos que, segundo ela, não era coisa de criança. E pelo que fiquei sabendo alguns anos depois, realmente não eram conversas que crianças devessem ouvir.
Mas alguma coisa ficou do que ouvi. De Maria, especialmente, jamais me esqueci. Não foi em nossa casa. Foi na casa dela, aonde fui com outras duas meninas. Maria tratava as crianças com o mesmo carinho que dedicava aos adultos, recebeu-nos, mandou-nos entrar e depois de algum tempo de conversa, forrou a mesa com uma toalha bordada com lindos cravos vermelhos, tirou três xícaras de porcelana da cristaleira e nos serviu bolo com café.
Preocupada, porque jamais minha mãe nos servira café em xícaras de porcelana, reservadas sempre para as visitas, a que chamamos “de muita cerimônia”. Pessoas que raramente a visitavam.
Pensando nisso, expressei minha preocupação à Maria:
-Você vai nos deixar tomar café nestas xícaras de porcelana? Não precisa, Maria, nós não somos visitas. E, ali, naquela vila onde não havia nem asfalto, nem bancas de jornais, muito menos livrarias, ouvi daquela mulher semi-alfabetizada uma das maiores lições que alguém poderá ter-me dado, em toda minha vida: dessas lições que fazem parte da natureza, da sensibilidade das pessoas. Ensinamentos que não se aprende em nenhuma faculdade, mas aquelas que nos brotam da alma
-Xícaras de porcelana, Risomar, não são para as visitas, são para as pessoas que a gente ama. Nem sempre as visitas que a gente recebe são pessoas queridas. A elas posso servir café em canecas de alumínio, de barro, de louça, porque elas nem sempre são importantes pra mim, vocês não. Vocês eu vi nascer, vocês são pessoas que eu amo, por isso o melhor que eu tiver em minha casa é para vocês.
Aquelas palavras ficaram em mim para sempre. Xícara de porcelana pra mim é uma metáfora que passou a fazer parte da minha vida. E quando às vezes, aborrecida, sirvo alguma coisa em “xícaras de barro” às pessoas que amo, fico mal, pior do que a pessoa que bebeu o que servi. E imediatamente me vem à lembrança a lição das xícaras de porcelana que um dia recebi daquela mulher extraordinária.

Risomar Fasanaro, fevereiro de 2010

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Xícara brasileira

Xícara de café sem marca, toda pintada à mão em tom perolado. A decoração é com ramos de rosas (amarela e cor-de-rosa).

A pequena xícara de café

[...] O que será, no fundo, essa história de encontrar um reino milenar, um éden, um outro mundo? TUdo o que se escreve atualmente, e que vale a pena ler, encontra-se orientado par a nostalgia, Complexo de Arcádia, regresso ao grande útero, back to Adam, le bon sauvage, Paraíso Perdido, perdido por buscarte, yo, sin luz para sempre [...] E aí surgem as ilhas ou os gurus (se houver grana para o avião Paris- Bombaim), ou, então, simplesmente segurar uma xícara de café e olhá-la por todos os lados, não como uma xícara de café, mas como uma testemunha da imensa burrice em que todos estamos metidos, acreditar que esse objetivo não passa de uma pequena xícara de café quando o mais idiota dos jornalistas encarregados de resumir para nós sei lá o quê, mais Planck e Heisenberg, se mata, procurando nos explicar em três colunas que tudo vibra e treme e que tudo está como um gato à espera de dar o enorme pulo de hidrogênio ou cobalto que nos deixará a todos de perna para cima. Na verdade, trata-se de um modo grosseiro de explicar as coisas. A pequena xícara de café é branca, o bom selvagem é marrom [...]

Este texto, extraído de Julio Cortazar, "O jogo da amarelinha", Editora Civilização Brasileira, 2007, p.436., me foi enviado por uma amiga em julho de 2010.

Xícara japonesa

Xícara de café de porcelana branca. Bem fina, sem marca gravada. Cenário pintado com gueixas, flores, lanternas. Asas e frisos vermelhos (a xícara é um pouco maior do que as japonesas ue encontramos habitualmente, mas existem muitas delas por aí).

Marcador de livros


Marcador de livros distribuído pela Biblioteca Pública de Santa Mônica, EUA. Realmente não sei por que a figura da xícara, mas ela está aí, não é? Este marcador veio numa troca com uma colecionadora americana.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Uma letra puxa a outra

Autor (texto): José Paulo Paes
Ilustrador: Kiko Farkas
Editora: Companhia das Letrinhas
Lançamento (1ª edição): 1992
Em 2009: 18ª edição


Uma cartilha moderna em que cada letra do alfabeto ganha uma quadrinha, composta com recursos de rima e ritmo que ajudam a memorização. As ilustrações seguem de perto o texto. As letras maiúsculas facilitam a leitura. Recebeu o Prêmio Jabuti em 1993, como "Melhor Produção Editorial Infantil ou Juvenil" (trata-se de um prêmio importante da Câmara Brasileira do Livro).

A letra x tem a seguinte quadrinha:
Quem bebeu o chá da xícara?
O chá. Mas ponha sentido:
É com x o bebedor.
Com ch o bebido.

Xícara inglesa

Xícara de café da marca C. Pindlet. Porcelana branca, pintada com cena campestre em azul. Friso e guirlanda também azuis.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Café "A Brasileira" - Lisboa, Portugal

Fachada do Café "A Brasileira", em Lisboa. Reparem na xícara no alto da fachada

Fundado em 1905 como loja de café brasileiro (então uma bebida exótica para os europeus), o estabelecimento servia gratuitamente uma xícara para quem comprasse um quilo do pó. Aos poucos, o consumo da bebida ganhou mais importância do que a do produto seco, e A Brasileira virou ponto de encontro de boêmios portugueses nas décadas seguintes.
A ligação de Fernando Pessoa (que nasceu no vizinho Largo de São Carlos) à Brasileira era de tal modo forte que foi levantada uma estátua em bronze do poeta na esplanada do café, da autoria de Lagoa Henriques.

Conta uma das biógrafas de Cecília Meireles que, numa de suas viagens a Portugal ela marcou um encontro com o poeta Fernando Pessoa no café. Sentou-se ao meio-dia e esperou em vão até as duas horas da tarde. Decepcionada, voltou para o hotel, onde recebeu um livro autografado pelo autor lusitano. Junto com o exemplar, a explicação para o "furo": Fernando Pessoa tinha lido seu horóspoco pela manhã e concluído que não era um bom dia para o encontro.

Xícara brasileira

Miniatura de xícara de café da "Cerâmica Teixeira". Porcelana branca com recortes pintados à mão em grená. Presente trazido de Catanduva (SP) por Lúcio Marcos Teixeira.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

George Foster

Quadro do pintor americano George Foster (1817-1896), intitulado Still life of Porcelain and biscuits

O café e a xícara de barro

Fumega o café negro em fogo posto
À panela de barro onde ele aquece,
Exalando vapores, se envaidece,
Espargindo o aroma com seu gosto.

A xícara de barro tem seu rosto
Decalcado na argila que fornece,
No modo do preparo que enternece,
O paladar sublime em fogo posto.

Afaga em tuas mãos o seu perfume
Em volutas perdidas no terreiro
Onde a voz dos escravos, sem queixume,

Amalgamada foi ao sangue herdeiro,
Caldeado no crisol, aceso o lume,
Evoca o sentimento brasileiro.

Vasco Santos, junho de 2007

Xícara japonesa

Xícara de chá em fina porcelana creme. Exterior da xícara pintado à mão em tons de azul, com navio colorido.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A xícara no "rock'n'roll"


Reino Fungi é uma Banda de rock brasileira inspirada na música e no estilo de vida da década de 60. “Vai do rock'n'roll dos Beatles à genialidade da Bossa Nova brasileira, da ingenuidade da Jovem Guarda à inteligência nada discreta da Tropicália e dos Mutantes, entre outros expoentes da música e da arte sixtie’". A banda tem dois discos gravados, o primeiro batizado de "REINO FUNGI" (2005), registrou o nascimento de todos os trabalhos e sonhos da banda. O segundo, intitulado "REINO FUNGI E O CLUBE DO CHÁ DANÇANTE", foi gravado em 2006.
Xícara de Chá

É uma viagem que me leva para perto de você
Indescritível sensação do amor sem entender
Mas se perguntar
Onde posso chegar
Apenas uma grande viagem

Sem previsão de chegar
Quando encontar você
Não sei o que farei
Apenas uma boa xícara de chá
Eu e você, as aventuras que passamos sem saber

Me leve para perto de você
Onde eu possa te ver sem te perder
Esta música, uma composição de
Tiago Lanznaster, está no segundo CD.

Xícara alemã

Xícara e pires de café em porcelana branca, da marca alemã "Könitz". A xícara é branca e tem a legenda "espresso" várias vezes em preto. O pires tem a borda larga pintada em preto, com a leganda em branco.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Cartão telefônico americano








Cartão telefônico da empresa norte-americana JTB

Xícara brasileira

Xícara de café. Porcelana branca, da marca Schmidt, com frisos dourados. Pintada à mão, com ramo de rosas por Marlene, da Art's Marlene de Piracicaba, SP

Carta de desamor

Cup of Tea

Está tudo acabado entre nós! Estou farto, não aguento mais esta situação…
Todos diziam que tínhamos sido feitos um para o outro e tinham razão. O criador dotou-te de curvas bem definidas e a mim fez-me mais rectilíneo, com uma reentrância onde te encaixavas perfeitamente. Os primeiros tempos da nossa vida foram fenomenais! A nossa lua-de-mel passámo-la numa loja do Gato Preto, dentro de uma caixa de cartão, muito juntinhos e embrulhados em “lençóis” de seda. Dizias que me amavas, e eu acreditava…
Depois quando nos mudámos para casa, a nossa vida melhorou. Passámos a viver na cristaleira da sala de jantar, e a fazer parte do jet-set. Frequentávamos chás canasta e tu eras sempre o centro das atenções… Chás de toda a parte do mundo disputavam os teus favores, mas tu, sempre fiel à tua linhagem, preferias sempre os ingleses. E eu ficava ali, deslumbrado a ver-te. Sentindo teu corpo a aquecer, seguindo teus movimentos para cima e para baixo, até te recolher toda só para mim. Depois, seguíamos muito juntinhos para a máquina de lavar a loiça, onde a seguir a uma pré-lavagem brincávamos com os flocos de detergente como crianças a brincar com a neve.
Foram tempos maravilhosos!…
Mas aos poucos e poucos as coisas foram-se desmoronando. Primeiro alguém resolveu meter entre nós uma colher. Eu devia ter desconfiado… Devia–me ter lembrado do ditado “entre marido e mulher não metas a colher”. Mas o que é certo é que a meteram, e foi aqui que começou o meu calvário.
Os chás canasta deram origem aos five o’clock tea e eu ficava ali amparando-te, enquanto a colher te penetrava, e com gestos mais ou menos ritmados, te punha a cabeça a andar à roda. Eu roía-me todo de ciúmes, mas fazia um esforço para disfarçar, pois não queria que tu pensasses que eu era old fashion. Mas mal sabia eu, o que estava para vir…
A partir daqui começaste a agir de um modo diferente. Já não procuravas a minha companhia, e às vezes à noite quando eu fingia que estava a dormir, via-te a saltitar de pires em pires. Tudo isto fui aguentando por amor!
Mas o destino reservava-me outras surpresas maiores…
De repente abandonaste os Timings e os Whittard e começaste a meter-te nos pozinhos. Primeiro os cacaus, depois os chocolates, desprezando por completo as tuas origens de uma verdadeira cup of tea!
E foi o começo da tua desgraça!
De pó em pó foste parar à cafeína, e como se isso não bastasse, começaste a juntar-lhe um “cheirinho”. Foi o fim.., deixaste de ir à máquina de lavar e passavas as noites de pernas pró ar no lava loiças, a curtir o teu “cheirinho”.
Basta!
Para mim basta!
Acabou tudo entre nós. Quando voltares, já não estarei na cristaleira da sala, pois mudei-me para o armário da cozinha. Quero ser livre, quero viver as coisas simples da vida, como sentir o peso de um brigadeiro, ou de um pastel de Belém. Quero que me encham de mousse de chocolate, leite-creme ou bavaroise de ananás.
Enfim…quero viver a minha vida sem ti.
Adeus Xícara, até sempre!
Pires

Nota: Cup of tea ao receber tal missiva, não aguentando tamanha dor, aproveitou umas mãos engorduradas e deixou-se cair no chão ficando totalmente destroçada!
Hermínio Corrêa, fevereiro 2009