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quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Na xícara de Dom Pedro II


Anita Zippin

Na xícara de D. Pedro II… a tarde abençoava o diálogo entre dois verdadeiros amigos, onde a conversa pura, sincera, foi a tônica de um lugar encantador.
Na xícara de D. Pedro II… cintilavam os cristais, bem como o espelho centenário emoldurado pelas mais belas telas, todas com história especial para contar ou para guardar no lugar especial ao lado esquerdo do peito, onde os amigos fazem morada.
Na xícara de D. Pedro II… a câmera fotográfica passeava pelo denso e luxuoso tapete, a marcar o momento onde duas pessoas iriam largar as encenações necessárias à sobrevivência e iriam falar em paz, sobre a bondade, a verdade, o amor aos ancestrais, o respeito pelas expressões culturais, o encanto pela Sétima Arte.
Na xícara de D. Pedro II… o Palácio Iguaçu começava a acender as luzes para que a bandeira verde e amarela tremulasse, talvez desejando a todos os que ali permaneciam trabalhando, a melhor das inspirações em momentos de decisão.
Na xícara de D. Pedro II… um piano se calava, saudades de quem o afagava ou mesmo aplaudia aqueles que ali vinham colocar a inspiração no ar, a senhora que hoje é uma lembrança, doce lembranca que ocupa todos os espaços, desde os luxuosos móveis até o simpático jardim com plantas exóticas.
Na xícara de D. Pedro II… os amigos comemoraram o encontro, bem como a alegria de estarem a conversar ao redor de um delicioso café e “petit four” a lembrar os tradicionais cafés de Buenos Aires, não sem antes passarem, em pensamento, pela Praça 9 de Julho, pelo canhão do Clube Militar, pelos maravilhosos afrescos da Galeria Pacífico.
Na xícara de D. Pedro II… os planos culturais permaneceram em primeiro lugar, os valores morais e espirituais aprendidos na casa paterna puderam aparecer bem, uma vez que duas almas parecidas falavam do mundo, como se acreditassem em outras vidas, razão para diminuir as saudades sentidas pelos que já foram morar nas estrelas.
Na xícara de D. Pedro II… os amigos fizeram um brinde à paz mundial, sonhando um dia poder encontrar todos felizes, alegres, sadios, sabedores de que o final do século é um espelho para que os erros do passado jamais se repitam.
Na xícara de D. Pedro II… existiu o até-breve, o abraço fraterno de quem sabe diferenciar amigos de conhecidos, e com um sorriso espontâneo como se no local tivesse ímã, tal era a vontade de ali permanecer para sempre, sentindo um oásis de calmaria no meio da tormenta, ela partiu.
Na xícara de D. Pedro II… ficou a marca daquele momento invejado pelas melhores películas, como o encontro de duas essências que algum dia resolveram se encontrar e nunca mais se desprender, como se já fossem eternos conhecidos.
Na xícara de D. Pedro II… ah!, na xícara de D. Pedro II… ficou o ouro e a prata a simbolizar a sensibilidade que pode unir pessoas estranhas como se fossem os maiores parentes.
Será que ao tomar café naquela xícara, D. Pedro II conseguiu ser tão feliz?
N.A.: Dedicado ao advogado e jornalista Francisco Souto Neto,
o amigo perfeito para apreciar uma histórica xícara de café.
 E muito mais

Crônica de Anita Zippin (escritora paranaense)  publicada no Jornal Indústria & Comércio, de 24 de julho de 1998, na qual a autora revela as impressões da sua visita ao advogado e jornalista Francisco Souto Neto.

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