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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A xícara

A bela e antiga xícara de porcelana se encontrava paradinha na ponta da mesa, onde fora deixada por um dos moradores daquela casa na noite anterior. E aquela não era uma simples xícara, era uma obra rara do início do século e último ítem de um conjunto de xícaras, pires, pratos, dentre outros itens, os quais, depois de quase um século, já estavam bem longe, quebrados e inutilizados.

O conjunto havia sido presente de casamento dos ex-donos da casa e descendentes brasileiros mais remotos e os mesmos haviam ganhado de seus pais, da realeza portuguesa.

O item em questão era belíssimo, todo pintado à mão. Nele estava desenhada uma floresta verde com lindas flores rosas e azuis e um lindo coelhinho amarelo claro, que sorria docemente. A xícara não tinha nem um arranhão, nem um risquinho errado. Era perfeita.

E seria por muito tempo, mas fora deixada no canto da mesa. Provavelmente por engano. Ora! Quem deixaria uma raridade dessas no cantinho da mesa tão fácil de ser quebrada? Não sabemos e nunca saberemos, até porque nunca foi ninguém.E continuando a história, la estava a pobre xícara, solitária. Todos passavam ao seu redor e não viam.

Quase caiu quando alguém passou rapidamente em direção à geladeira. Apenas deu uma leve balançadinha e voltou ao seu lugar. A pessoa voltou, dessa vez bem lentamente, mas passou longe.

Alguém mais apareceu e resolveu lavar a louça. Na hora de secar puxou o pano de prato seco que estava em cima da mesa. O mesmo roçou na alça da bela xicarazinha que balançou novamente. Graças a Deus foi rápido demais para derrubá-la.

Apareceu de repente uma criancinha que era mais baixa que a mesa. Ela tentou e tentou pegar um briquedo que estava perto da xícara... Acalmem-se! Alguem pegou o brinquedo e deu à criancinha. E nem sequer viu a antiguidade na mesa.

Abriram a porta da rua e saiu de lá um enorme Pastor Alemão, louco por brincar, cheio de energia, correndo pela cozinha, eufórico, alegre, fazendo a maior bagunça.

Foi o fim da bela e antiga xícara portuguesa do início do século.

Larissa Pontes Hübner
Guaíba, RS, 2008

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