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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A saga da xícara da Tiffany

Fazia três dias que eu havia chegado do hospital com a Luísa nos braços, três anos atrás. Era uma quarta-feira à noite. Toca o interfone, chega a visita. Um sujeito do trabalho do marido com o qual nós não tinhamos nenhuma intimidade (nem ele, muito menos eu). Sabe n-e-n-h-u-m-a? Nem em jantares a gente se encontrava, só de vez em quando em algumas "festas da firma". Mas o sujeito tinha duas características: ele era sem noção e puxa-saco. E foi lá em casa.
Até aí tudo bem, tudo bom, muita educação para recebê-lo porque esta é uma característica que eu não consigo mudar: procuro ser simpática e agradável mesmo quando (estou querendo que o cara vá praquele lugar) cansada. A visita no terceiro dia em casa foi a parte sem noção do sujeito. A parte puxa-saco foi o presente que ele trouxe pra Luísa: uma xícara de porcelana da Tiffany.
Pausa: pra quem não sabe que marca é essa, eu só digo que essa é uma das joalherias mais famosas do mundo, famoséssima desde os tempos da Bonequinha de Luxo - e, para quem quiser lembrar pelo lado negro, foi a joalheria assaltada recentemente num shoppping de São Paulo em cena típica de cinema.
Agora parem pra pensar: para que raios um sujeito gasta uma baba pra comprar uma xícara cor-de-rosa de PORCELANA para um bebê recém-nascido? Ele tem noção de quando uma criança começa a usar peças de louça pra comer? Ou ele queria que eu colocasse de enfeite na sala?
E ainda teve um agravante: eu estava em pé conversando com ele na sala e de repente parecia que eu estava fazendo xixi na calça. Pedi licença, corri para o meu banheiro e fui ver que eu estava tendo uma baita hemorragia (já contei esse episódio aqui). Chamei o meu marido e ele tratou de expulsar o sujeito de casa imediatamente. Fomos para o hospital e daí esse é outro assunto.
Sei que pegamos uma birra tão grande daquela xícara da Tiffany que ela virou piada aqui em casa. E a birra foi tanta que nunca sequer reparamos que o pires tinha o formato de um porquinho, hehe. Parecia um pires com um design diferente e s ó. Enfim, presente mais inútil que alguém poderia dar para um bebê.
MAS... como tudo tem um porém nessa vida, a gente acaba pagando a língua um dia.
Recentemente (e muito "atrasadamente"), por (bronca) orientação da pediatra, fui tirar o copinho de transição da vida da Luísa. Apesar de ela não tomar mais leite na mamadeira há muito tempo, ela ainda tomava o leitinho dela de manhã e à noite num daqueles copinhos de transição que tem o bico molinho. À noite ela tomava sentadinha na cama, escovava os dentes e dormia. E de manhã ela tomava deitada e dormia mais um pouco. (Quem foi mesmo que postou esses dias falando sobre o perigo de a criança mamar deitada? Fiquei arrasada pela minha ignorância).
Agora o mais inusitado: como é que conseguimos tirar o tal copinho da Luísa? Depois de umas três ou quatro choradeiras e reclamações, apelamos para a tal xícara rosa e não é que ela adorou a ideia? Agora ela toma o leitinho de manhã na copa, na xícara "osa" - e que só agora descobrimos que o tal pires tem formato de porquinho. E, três anos depois, o presente mais inútil do planeta se transformou em algo útil. E agora minha filha chiquérrima toma leitinho na caneca da Tiffany toda manhã... (e a gente reza praquilo não quebrar).
Roberta Lippi, agosto de 2010

2 comentários:

  1. Olá, Roberta:
    Tenho acompanhado seu blog e gosto muito da maneira como escrever. As coisinhas do cotidiano ficam muito mais sabororsas!
    Tomei a liberdade de postar um texto seu, sobre uma xícara cor de rosa da Tyffany, no meu blog, onde coloco tudo que acho sobre o tema de uma coleção de xícaras que tenho há anos. Espero que não se importe. Por favor, venha me visitar e comente.
    Abraço,
    Irene Jardim

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  2. Oi, Irene, entrei lá! Parabéns pelo seu blog! E obrigada por acompanhar o meu também.
    E não tem problema em replicar o meu texto, não. Aquela história sobre a xícara é mesmo divertida e virou assunto aqui em casa.
    Abraço,
    Roberta

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