Eu sei que me queres nua
numa nudez toda inteira.
Mas não me agrada a brincadeira
de misturar entre nós,
mesclar entre as alegrias,
os suores e as dores
que vivo no todo dia.
No meio da nossa nudez,
tão sagrada e tão amiga,
não desejo ver mescladas
as louças sujas,
as xícaras quebradas,
as armadilhas da vida.
Não quero as nossas almas
feito xícaras sem asas,
como louças (al) quebradas,
roupas rotas, remendadas.
Quero-as desnudas
e, assim desnudadas,
não as quero vestidas
com números de extratos bancários. refiro-os todos guardados,
devidamente trancados,
a muitas e muitas chaves
dentro de algum armário
Debora Denadai, maio de 2005
Outros textos dessa autora em http://www.deboradenadai.prosaeverso.net/ e Recanto das Letras
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