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sexta-feira, 1 de abril de 2011

As muitas lembranças da minhas xícaras/coppas

Eu sempre achei engraçada essa coisa de perguntar a idade do outro. No meu caso especificamente, sempre que eu digo em voz alta o total de anos que me acompanham vejo surgir da face que está ali, bem ao alcance do meu olhar, uma curiosa forma de surpresa. A maioria das pessoas acha que eu tenho mais anos acumulado em minhas vilas e aldeias… Mas isso não me causa nenhum tipo de mal estar. Sinceramente, eu tenho outros silogismos para me preocupar e definitivamente, idade, peso, roupas e outros itens não estão presentes na minha lista.

Contudo, guardo nos lábios um sorriso e me perco no tempo, aquele que tanto gosto, onde se somam aventuras, momentos e pequenas curiosidades que servem para contabilizar o que realmente importa e não o acumulo de anos.

E se alguém se atrevesse a me perguntar “quantas canecas/xícaras/coppa você já teve? A viagem seria imediata: aventuras, momentos, surpresas, alegrias e tristezas surgiriam e então seria preciso sentar-me junto a mesa, como fazíamos lá em casa, bem no meio da tarde e dialogar sobre tudo isso.

Na minha infância eu tinha uma daquelas canequinhas de alumínio, tamanho médio e sempre que eu chegava à cozinha pela manhã, lá estava ela com meu leite caramelizado (muito bom). Naquele tempo eu podia adicionar canela ao meu leite. Sentava-me na cadeira com ajuda da mamma e sentia meus pezinhos balançando no ar, em baixo da mesa (eles ainda não alcançavam o chão) e entre as mãos: a caneca que aquecia minhas mãos que seguiam despertando em sua forma de lentidão. Desde pequena que eu demoro a despertar pelas manhãs, mas é que eu sempre achei que as manhãs pertenciam aos pássaros e não a mim. (rs)

Alguns anos depois, ganhei uma caneca de louça, toda colorida e um pouco maior. Era sinal que eu já era uma “mocinha”, afinal, minhas mãos já estavam mais firmes e não causariam algum possível acidente. Precauções maternais.
Anos mais tarde, eu e papai saímos para caminhar no final da tarde pelas ruas cheias de subidas e poucas descidas da cidade da nossa cidade. A gente sempre fazia isso, quase sempre em silêncio para melhor apreciar a paisagem… Mas nessa tarde que vive em minha memória, encontramos uma lojinha cheia de “badulaques” e lá compramos três canecas, cheia de pequenos detalhes: foi a primeira vez que eu escolhi minha própria caneca – meu pai achou graça da minha empolgação e me disse em seguida “certas coisas fazem a gente perceber que os filhos crescem mais rápido do que nós somos capazes de acompanhar”.

Curiosamente, eu estaria segurando entre minhas mãos aquela mesma caneca quando me informaram a morte deles e eu fiquei lá, sentindo o calor da “minha amiga” que era gentil em manter minhas mãos aquecidas, como se me protegessem de alguma forma.

Depois disso, eu tive xícaras azuis, pretas, com desenhos, diferentes tamanho. Umas são apenas para tomar o cappuccino, outras para o chá, mas nunca mais consegui tomar leite caramelizado com canela, mas o sabor e a sensação do calor entre as mãos permanecem por aqui em minhas vilas.

E você, já experimentou se perguntar quantas xícaras você já teve ou tem?

Lunna Guedes, abril de 2010

Sabem porque eu me interessei por este texto da Lunna? Porque ele conta a "minha" história e, acho eu, a de muita gente. Eu também (como meus irmãos) tive uma canequinha de alumínio quando criança e até comprei uma há pouco tempo para minha neta. Eu também tenho muitas xícaras (um montão na minha coleção), mas não importa o número, pois a maioria delas me lembra pessoas especiais, episódios engraçados, alegres, tristes ... cada uma tem sua própria história comigo.

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