Chegando ao quarto, Odete avista o leito vazio. Segue até o banheiro e nada.
_Ora, mas onde há de ter parado esse velho maluco?
Com vagarosidade, ela dá meia volta e caminha pelo corredor.
_Genaro, cadê você velho doido? Está na hora de seus remédios e seu chá vai esfriar!
Sai analisando quarto por quarto que seguiam a deriva do longo corredor.
_Onde é que está você?
A voz cansada e pastosa da velha começa a ganhar entonação mais voraz:
_Meu velho? Por que não me responde? Cadê você Genaro?
Mesmo debilitada, segue numa sutil inabilidade passos mais acelerados. A cada quarto que sai sem encontrar seu velho, acelera ainda mais sua aflição e motricidade, somando a uma respiração cada vez mais ofegante. Exaurida de todo o processo físico e mental, a Odete recosta sobre a parede do corredor com auxílio da mão direita e num súbito desequilíbrio a velha tomba no chão.
_Genaro, não me deixes mais uma vez!
Quando caída sobre o mármore, uma moça trajada de enfermeira lhe toca a face:
_Dona Odete, já falei pra senhora não sair do seu quarto sem a nossa ajuda.
_Mas e o Genaro?
_A senhora tem que aceitar que o senhor Genaro não está mais entre nós, e já faz um ano que ele se foi.
Emiliano Nunes, janeiro de 2009
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