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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Meia xícara de café para um quarto de sorriso

Acordei, não por vontade própria, mais cedo do que o normal. Essa tem sido a hora que eu consigo dormir, não sei porque hoje foi diferente. Meu relógio está marcando exatamente seis e quinze da manhã, nessa manhã fria de sábado. Ainda não me levantei da cama, mas percebo que o dia está nublado por causa do cheiro da chuva que invade meu quarto vindo da janela.
Estou agora caminhando pelo meu apartamento. Nunca havia percebido que o chão, de porcelanato cinza-claro, era tão frio e duro. Olhando para os lados e deslizando a ponta dos meus dedos nas paredes em tom pastel, eu percebo que nunca ousei notar os pequenos defeitos que convivem comigo há anos.
Impressão minha, e eu tenho uma percepção muito boa, ou as coisas resolveram mostrar o seu valor ao mundo? Talvez eu devesse seguir a tendência e tentar mostrar o que tenho de bom. Ou talvez seja bom continuar vivendo e a cada dia morrendo. A mudança é inevitável, e a insegurança é o instinto de sobrevivência perante a sociedade que nos rodeia.
Quarto, corredor... Chegou a hora do banheiro. Vejo-me refletida no espelho que nada mais faz além de imitar aquilo que está em sua frente. Se eu fosse uma pessoa boa, eu diria para que ele não me imitasse, uma vez que eu não tenho nada além de tristeza e solidão. E acho que isso não significaria muita coisa para ele. Tão cruel quanto eu, ou até mais. Ele mostra, sem piedade nenhuma, todas as verdades que são vistas pelo mundo. Só que também mostra os mistérios ocultos nos olhos profundos e frios. Coisas que apenas uma pessoa consegue enxergar. Nós mesmos. Cada vidro espelhado nos mostra todos os nossos defeitos. E sabemos que são muitos. E lutamos contra eles. E negamos até o fim.
Após um ritual demorado de higiene e o conflito mudo com o espelho, caminho em direção à cozinha. O lugar que melhor nos acolhe. Não é tão fria quanto o banheiro, nem tão vazia quanto a sala, nem tão escura quanto o quarto. A cozinha é quente, ela estende, à quem precisa, seus melhores frutos.
No meu caso, basta-me meia xícara de café para me dar um quarto de sorriso. Não peço nada mais que isto para começar mais um dia.


Littleone, 26 de outubro de 2009

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